terça-feira, 8 de julho de 2014

ARTIGO - HOJE É DIA DE BARBOSA

Hoje é dia de Barbosa!
Por Fabrício Lopes*


Há um velha mania em muitos brasileiros de sempre tentar extravasar suas frustrações e preconceitos através do esporte, especialmente o futebol. Sempre há quem fique procurando ou criando defeitos nos adversários ao invés de conviver com suas próprias qualidades, além de que, parece ser impossível guardar para si as opiniões preconceituosas que só visam diminuir as conquistas dos demais.
Esse é o grave defeito de quem é frustrado: não sabe conviver com as derrotas.
Sou amante do esporte por excelência, respeito os adversários, mas tenho lado. Sou Jabaquarense com muito orgulho! E por mais que o clube não possua os “cobiçados” títulos, não é isso que me motiva e me faz feliz. 
Fico extasiado apenas pelo fato de, ano após ano, mesmo diante de tantas dificuldades, ver o Leão da Caneleira desfilar sua simpatia nos gramados, independente do resultado. Pois o importante é saber que há o esforço de muita gente para que isso se concretize ao longo desses 100 anos. Isso sim é cabeça de vencedor.
Porém neste momento quero lembrar um fato que é resgatado cotidianamente nos últimos 64 anos, em todos os momentos que o assunto envolve a Copa do Mundo: a final contra o Uruguai em 1950.
O dia 16 de julho de 1950 serve para mostrar que essa história de memória curta que tanto se fala no Brasil é apenas um subterfúgio para não se assumir as verdadeiras posições. Digo isto pois ao longo de todos esses anos, até a presente data, convivi com a memória mais longa e o maior injustiçamento da historia do futebol brasileiro contra um cidadão chamado Moacir Barbosa do Nascimento.
Barbosa foi o arqueiro que recebeu um “tiro” a queima roupa de Gighia em um Maracanã lotado, onde outros 10 em campo não foram capazes de superar os adversários. Porém a culpa, como sempre, recaiu sobre aquele que tinha naquele momento a tarefa ingrata de pegar um chute “a queima roupa” com pouco mais de 5 metros de distância.
Em tempos de futebol empresarial, salários milionários, imagens de alta definição, enxurrada de ídolos, piadinhas em tempo real, entre outros paparicos, fica a prova de que no esporte o que vale é a competência e perder é parte do jogo.
Quantas vezes ouvi o Seo Jurandir descrever a árdua tarefa de ficar escondido no meio do mato, entre a casa de minha avó e a casa de um de seus vizinhos, para ouvir aquele jogo de 1950, em um dos poucos rádios existentes à época em Cubatão.
Papai é um homem de um coração sem igual, que me ensinou o que é ser um bom torcedor. Foi o único que todas as vezes que pôde, defendeu Barbosa, mesmo depois de sua morte em 7 de abril de 2000, pela atuação naquele jogo e contra as injustiças que sofreu.
Que a partir de hoje, passemos a olhar um pouco mais para outras questões coletivas que necessitam de nossa longa memória. Que o esporte cumpra sua função e os cidadãos também. Não perdemos e nem ganhamos nada. Mas que fique a lição de que é preciso compreender e respeitar os adversários. E mesmo diante de todas essas palavras “marketinzadas” dos narradores televisivos, e o que vale é quem joga melhor, esse sim é o verdadeiro futebol. 

Neste 8 de julho de 2014, continuo #FechadoComBarbosa

*Fabrício Lopes é Gestor Público