quarta-feira, 6 de setembro de 2017

EM NOSSAS MÃOS

O mais impressionante
É que ninguém se impressiona
Talvez seja um efeito misto
De passividade com vergonha
Pode ser medo
Do constante perigo
Em que pode vir a tona
Seus mais tenros delitos
Nestes tempos de tragédia
Onde opositores convergem
Acordos emergem
O silêncio ensurdece
Enquanto a massa estarrecida
Continua distraída
Procurando uma razão
Sem perceber que a solução
É mais simples de que se imagina
Independente do compasso das rimas
Está em nossas mãos
Aos que se escondem
Logo adiante
A história vai cobrar

Fabrício Lopes

sábado, 26 de agosto de 2017

SALA DE ESPERA




Na sala de espera
O espelho reflete
A imagem daquele
Que muito fez esperar
Pensou que era grande
Se tornou distante
E agora precisa voltar
Mas a porta foi fechada
Fechadura trocada
O muro subiu
A chave sumiu
O povo mudou
Não é mais o mesmo lugar
Porta abre, porta fecha
Café gelado
Revista velha
Cheiro de mofo do sofá
Gente apressada que passa
Todos pelo mesmo lugar
Pouco param para cumprimentar
Gente estranha e conhecida
Todas são atendidas
Nem sinal de seu nome chamar
Ele fica impaciente
Não crê que toda essa gente
Possa lhe ignorar
Porém esqueceu que no passado
Sentado no conforto da sala
Deixava todos todos a esperar
Olhou os contatos no telefone
Relembrou vários nomes
Que um dia não atendeu
No entra e sai no ambiente
O tédio parece só aumentar
Vê vários nomes na lista
Não vê sua vez chegar
Quando chega perto do momento
Te diz que está atrasado
Recomenda marcar outro dia
E se for importante
Que anote um recado
Daqui algum tempo
Do fundo de uma gaveta
O bilhete será resgatado
E o que era importante
Será sem sentido
Agora o tempo é inimigo
Corrói a alma do indivíduo
Que vaidoso insiste em mentir
Para quem está do outro lado
Assistindo esse papo furado
Observando quem tem compromisso
Esperando o próximo vir


Fabrício Lopes

segunda-feira, 19 de junho de 2017

A FADIGA DA VAIDADE E DO IMPROVISO

A fadiga da vaidade e do improviso
É possível juntar os melhores atletas e formar um grande time, mas no esporte ganha quem forma a melhor equipe. É preciso transcender a área de competição e envolver desde os funcionários, simpatizantes, associados e atletas, até a comunidade onde cada um esteja inserido.

Porém parece que no Brasil continuamos a não enxergar que para obter resultados é preciso mais que boa vontade e intuição. Acima de tudo é preciso planejamento, organização e transparência.

Se faz necessário compreender que o esporte vai além da força física ou da habilidade individual do atleta. Os resultados positivos são a tradução do conjunto de fatores e estruturas que só podem ser simples, mas desde que funcione e possua o envolvimento coletivo, passam a regar bons resultados e realimentar o planejamento e a organização para desafios ainda maiores.

Mas infelizmente estamos muito distantes de algo pelo menos parecido com isso. Vivemos dentro de um modelo ultrapassado que continua a privilegiar os interesses individuais, a vaidade e o improviso. Desprezam quem estuda e busca entender de forma mais apurada o funcionamento das organizações e da gestão de resultados.

Possuímos uma geração de dirigentes que se acham donos da verdade, são algozes de sonhos e não compreendem que o esporte é um transformador da realidade de uma nação.

Tive desde muito cedo a oportunidade de me arriscar nas atividades esportivas. Minha pouca habilidade, a alimentação inadequada, as condições impróprias e os empecilhos da vida que na fase adulta se transformaram em desleixo, não me garantiram ser um atleta de alto rendimento.

Porém, o legado mais importante foi aprender que com respeito, humildade e dedicação é possível superar o limite individual e fazer de cada passo uma vitória em equipe. Quem continua a usar o desprezo, ganância e arrogância para tratar coisas do esporte, sempre viverá às margens da conquistas.

O esporte tem a força! Ele é capaz de parar guerras, salvar vidas, unir nações, eternizar talentos. Deve ser tratado com carinho e responsabilidade, independente dos resultados.

Espero que nosso país possa viver dias melhores. Que minha geração, especialmente, deixe de apenas ficar encantado com o êxito alheio e se envolva mais para que possamos ter novas conquistas. Não adianta apenas flertar com os sonhos, ficar reclamando e na hora de tomar a decisão deixar nas mãos dos mesmos.

Não importa se você é o atleta, o dirigente, o sócio, o torcedor, o patrocinador ou qualquer outra função. Entenda que cada detalhe é importante quando falamos de equipe. O primeiro passo para obter êxito é ter coragem para enfrentar os medos e atitude para construir em conjunto! O esporte não combina com a covardia e o culto à vaidade individual.


*Fabrício Lopes é Gestor Público