quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

POESIA - UMA LAUDA POR DIA


Uma lauda por dia
Ele escrevia
Distribuía
Ninguém lia

Uma lauda por dia 
Ele digitava
Compartilhava
Ninguém olhava

Uma lauda por dia 
Ele rasgou
Desejou
Ninguém ligou

Uma lauda por dia
Ele inspirou
Publicou
Ninguém comprou

Uma lauda por dia
Ele juntava
Guardava
Ninguém imaginava

Uma lauda por dia
Ele organizou
Editou
Ninguém adotou 

Uma lauda por dia
Ele rabiscou
Desenhou
Ninguém apreciou

Uma lauda por dia 
Ele recebeu
Leu
No final devolveu.



Fabrício Lopes

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

HISTÓRIA, CORAGEM E DISPOSIÇÃO

História, coragem e disposição

Nesta semana, os jornalistas Rodrigo Hidalgo, Tony Chastinet, Camila Moraes, Alziro Oliveira, Eduardo Reis e Walter Colling da Rede Bandeirantes, receberam o Prêmio Esso na categoria "Melhor Contribuição ao Telejornalismo".
Com a reportagem "Vila Socó - A verdade apagada", realizaram em poucos minutos uma síntese de um período em que a dor e o sofrimento daquelas famílias, que já eram invisíveis aos olhos das autoridades mesmo antes do incêndio. 
Aponta ainda como foi o descaso com centenas de vítimas que desapareceram nos dias subsequentes, principalmente das creches e escolas que possuem ainda hoje o registro daqueles que nunca mais retornaram. 
É importante frisar que Cubatão naquele período possuía uma população flutuante muito grande, a qual era obrigada a recorrer às palafitas dos mais diversos bairros da cidade afim de conseguir ter condições de moradia. 
O fato é que, passados 30 anos do ocorrido, muitas coisas parecem permanecer intactas. As marcas daquele período em que o município era Área de Segurança Nacional e não tinha o direito de eleger seus prefeitos ainda hoje geram reflexos em nosso cotidiano. Prova perceptível disso é a falta de interesse do Poder Público tem em modificar a relação estrutural entre a cidade e seus cidadãos. 
Existem vários pontos em que a cidade se apresenta cristalizada e sem grandes alterações que beneficiem efetivamente a população. Parece resignada a viver as marcas de um tempo sombrio que dilacerou vidas e sonhos, sem ter instrumentos para reagir.
No que tange a esfera pública, são poucos que esboçam disposição em romper com essa lógica. E a grande maioria são abnegados servidores que a partir de suas convicções pessoais decidem alterar os caminhos, pois a depender dos governantes, estamos órfãos de um direcionamento político qualificado que estimule o protagonismo.
Torço muito para que a OAB Cubatão tenha sucesso nessa empreitada, na medida do possível tenho acompanhado as movimentações em busca de respostas para esse caso especificamente. Acredito que essa pode ser a primeira chave para abrir novos horizontes e romper esse estigma de que "nada muda". 
Tenho a certeza de que essa ação, tantos dos jornalistas, quanto dos cidadãos, pode ser o instrumento propulsor para debater outras mazelas deixadas por esse período sombrio. Que façamos da nossa cidade um verdadeiro exemplo de recuperação da autoestima, do desenvolvimento e dos sonhos.

*Fabrício Lopes é Gestor Público


ASSISTA A REPORTAGEM

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

POESIA - UM VELHO


Um velho paradigma

Um velho papel

Um velho pensamento

Um velho pedido

Um velho pinguço

Um velho poema

Um velho poeta

Um velho pulsar

Uma nova inspiração

Uma nova canção


Fabrício Lopes






quinta-feira, 30 de outubro de 2014

ARTIGO - COMPREENDER PARA DEBATER

Compreender para debater
Por Fabrício Lopes*

Respeito a produção de conteúdos opinativos. Independente da minha concordância com eles, gosto de pensamentos originais que me façam refletir e compreender a diversidade do país que vivemos.

Quem apenas se apequena e somente reproduz visões plastificadas dos mais diversos e complexos temas, sem ao menos se preocupar com a disseminação de informações equivocadas, tudo isso em busca de aparentemente se apresentar como um "diferencial" de ativismo e militância, na minha visão não passa de uma marionete do sistema.

São mentes estagnadas que não enxergam além de seu próprio mundinho e não aceitam de maneira alguma compreender outras visões de mundo por medo de ser convencido por elas. Ou quem sabe até por medo de deixar escapar que concorda com o outro mas não pode dizer para não parecer um adesista. Ele quer e precisa ser diferente, mas não passa de um igual.

Seja na música, no esporte, na política, no relacionamento, etc... Quem se abre para ouvir e compreender opiniões, mesmo sem ser convencido por elas, vai ter a oportunidade de entender mais pontos de vistas e saber qual a origem de muitas visões distorcidas em tempos em que o excesso de informação nas mãos de quem nunca soube usar se transforma em instrumento de desinformação.

Por vezes assistimos uma enxurrada de ataques a uma notícia ou comentário que faz parte do cotidiano de um determinado veículo de comunicação ou pessoa com número expressivo de acompanhantes nas redes. É como se eles fossem obrigados a somente falar e fazer aqui que nos agrada e noticiar o que nos interessa, sem sequer compreender que os interesse individuais são os mais diversos.

Cabe a nós refletirmos e a partir da nossa ação cotidiana ter atitudes que nos auxilie na conquista de bons debates. É preciso ir além das visões plastificadas que às vezes tomamos como verdade absoluta e com isso limitamos a interatividade sadia que deve existir entre os cidadãos.

O debate não para por aqui, mas isso pode nos ajudar muito para obtermos uma sociedade menos intolerante e mais harmônica.


*Fabricio Lopes é Gestor Público 

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

ARTIGO - MUDE A REALIDADE, FAÇA POLITICA

Mude a realidade, faça política.
Por Fabrício Lopes*

Recentemente, após uma apresentação, fui questionado sobre o que me fez entrar e permanecer na política. Na sequência, surgiram esparsos comentários e sussurros que supunham os tais motivos.
Uns diziam que era por dinheiro. Outros por emprego fácil. Chegaram a dizer que era para não precisar estudar. E qual minha reação? Sorrir!
Não por deboche, mas pela coragem da pergunta e dos comentários.
Propus então uma reflexão para aquelas pessoas e afirmei que entrei e permaneci na política, pelo mesmo motivo que elas entraram e permaneceram aquele dia na minha apresentação.
Devia haver algo ali que as cativou a se dirigir ao local e algum motivo que instigou cada uma a permanecer. Creio que não foram as minhas surradas palavras, mas talvez algo que nem mesmo elas sabiam que possuíam.
Ninguém entra ou sai da política. O ser humano é naturalmente político. Cabe a cada um fazer o bom uso das suas habilidades políticas ou se contentar em ficar reclamando de que ninguém presta e que nada dá certo.
Trago hoje essa passagem a público por um motivo especial. Depois desse dia, resolvi buscar um pouco mais da minha curta trajetória de vida política e tentar enxergar através dela quais os passos foram dados para que chegássemos até aqui.
Graças aos meu pais, desde sempre fui estimulado a formular e transcrever minhas opiniões, diante disso, em vários momentos, sem o advento da internet, muito menos condições para ter um telefone em minha residência, meu contato com o mundo se fazia através das cartas.
O fato é que diante das dificuldades em armazenar documentos e outros registros, muita coisa se perdeu ao longo do tempo, mas nada que me desanimasse em buscar as raízes dos meus propósitos.
E para minha felicidade, fui além das minhas expectativas ao encontrar o rascunho de uma carta que enviei ao Secretário de Educação do Estado de São Paulo, a época Carlos Estevam Aldo Martins, questionando os dizeres do então candidato Barros Munhoz do PMDB na sucessão de Luiz Antônio Fleury Filho ao governo de São Paulo.
Parece que foi ontem, mas a data na imagem não me deixa mentir, já se passaram duas décadas. O mais gratificante é saber o quanto foi valioso os estímulos familiares.
Talvez se fosse hoje, minha reivindicação possuísse maior visibilidade através das redes ou somente fosse mais uma reclamação dentre tantas outras, caso eu não houvesse decidido algum tempo depois canalizar esses mais diversos sentimentos que me fizeram por diversas vezes enviar cartas às mais diversas pessoas, do Ministro da Educação até o editor da revistinha que acompanhava a cesta básica que recebíamos da prefeitura.
Compartilho hoje essa boa lembrança com o intuito de mostrar que a política existe dentro de cada cidadão. Porém ela precisa ser estimulada e valorizada, e não ser vista e difundida de forma distorcida como acontece hoje por culpa de péssimos legisladores e administradores públicos.
O futuro pode ser melhor, depende de nós seguir na direção certa e não abrie mão dos nossos sonhos. Façamos a boa política!



*Fabrício Lopes é Gestor Público

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

ARTIGO - MAIS ATITUDE E MENOS RÓTULOS

Mais atitude e menos rótulos
Por Fabrício Lopes*

Cotidianamente assistimos posicionamentos da nossa população que imputam à quem milita nos espaços políticos a culpa por todos os males que afligem nossa sociedade. Essa descrença e desconfiança não é algo novo e tem suas razões para existir, pois há quem ocupe esses espaços e não fazem por onde merecer nosso respeito.

Infelizmente somos carentes de grandes experiências que possamos visualizar como transformadoras e que pudessem possibilitar aos cidadãos ter um olhar para além do senso comum, que possui o equivoco de responsabilizar apenas os governos por problemas que são responsabilidade de todos.

Vale lembrar que nos casos dos problemas ocasionados exclusivamente por mandatários, essa responsabilidade também está em nossas mãos, afinal quem se convencionou a reclamar e não fiscalizar é o mesmo que o elege.

Estar na política é papel de todo cidadão que se preocupa e se sente preparado para fazer, a partir de sua atuação individual e coletiva, ações que possam promover e desenvolver um Estado funcional que transforme a vida dos cidadãos.

O processo eleitoral que se avizinha traz a tona as mais diversas opiniões sobre os rumos e os desejos do nosso país. Porém, chega um momento em que é preciso questionar até quando os temas que são apresentados são, de fato, importantes para a melhoria das condições e da qualidade de vida coletiva das pessoas. Até mesmo refletir se servem para algo que realize transformações estruturantes, ou se é apenas para buscar polemizar a partir de estigmatizações, que após esse período caem no esquecimento.

A maioria destes assuntos, impostos de maneira enviesada no debate eleitoral, são sobre temas delicados, que precisam ser tratados com mais carinho e cuidado. São essencialmente pautas que dialogam prioritariamente com as garantias dos direitos humanos e minorias.

O resultado é trágico: uma proporção imensa de assuntos que não são tratados com a devida importância fora do período eleitoral, inclusive pela falta de espaço das estruturas existentes, enquanto no período eleitoral se tornam chavões de idolatria, salvação, ódio ou repugnação dos candidatos.

Penso que todos assuntos precisam ser debatidos até seu esgotamento, porém é necessário compreender que sem um Estado adequado a receber essas demandas e mais eficiente na formulação e implementação de políticas públicas, continuaremos a viver uma guerra eleitoreira que contamina e domina o estágio atual da luta política, sem que resultado algum seja alcançado e o Brasil permaneça atrasado em média de 20 anos em relação ao mundo.

É preciso aproveitar esse momento em que estão todos de alguma forma voltados à atividade política e trazer para a discussão assuntos que possam apontar alternativas ao modelo burocrático atual. É necessário buscar um modelo mais flexível, com serviços de melhor qualidade, maior participação popular nas decisões.

Este método que diz tomar decisões pautadas pelos ditos “especialistas” está esgotado. Pagamos o preço de não ter um estado que funcione e nos decepcionamos ainda mais com as produções televisivas dos marqueteiros das campanhas que mostram a nós um país irreal.

É necessário compreender que a Gestão Pública deve ser tratada com mais seriedade e o debate acerca das mudanças estruturais do estado, que deveria estar presente neste momento eleitoral, não se resume à criação ou diminuição de ministério, como tentam pautar os “formadores de opinião”.

Não podemos ver constantemente ser diminuída a importância do trabalho do setor público, como se nele estivesse concentrada todas as mazelas sociais. Importante lembrar que o Poder Público é formado por cidadãos e que no exercício de suas funções também devem se sentir parte das decisões.

Se o Estado é ineficiente, sua força propulsora não é exercida e ele se torna matéria de questionamento por parte daqueles que estimulam a despolitização da população, porém não vivem sem disputar um mandato.

Precisamos enveredar esforços para combater especialmente a corrupção, corrupção em todos os níveis. Desde um taxista que faz o caminho maior com seu passageiro “estranho”, ao grande empreiteiro que se beneficia de obras públicas conquistadas a partir de licitações realizadas com cartas marcadas entre outros empresários do ramo. Do atendente do hospital que coloca seus amigos no inicio da fila de consultas ao mandatário que usa as obras públicas como barganha para a próxima eleição.

Cabe a cada um de nós exercitar cotidianamente nossa capacidade de intervenção na sociedade, ao invés de somente reproduzir aquilo que aparentemente é mais verdadeiro nessa atual enxurrada de informações. Dispomos hoje de um numero maior de instrumentos de participação, fiscalização e transparência, mas ainda insuficientes e de difícil acesso a maioria da população.

Chegou a hora de mudar essa realidade. Todos podemos fazer parte dessa transformação. Participar, agir, conhecer, compreender, socializar, são apenas alguns passos que podemos dar no sentido de construir uma sociedade mais justa para nós mesmo e deixar algum legado positivo para as futuras gerações. O Brasil não aguenta mais esperar!
  

*Fabrício Lopes é Gestor Público

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

ARTIGO - É POSSÍVEL FAZER DIFERENTE

É possível fazer diferente!
Por Fabrício Lopes*

Não é de se estranhar essa prática de tentar desqualificar o debate político sempre que surge algo diferente no cenário. Isso é o reflexo da dificuldade de lidar com o contraponto de idéias, uma pratica que procura transformar seus pensamentos em símbolos hegemônicos de uma sociedade. Porem se equivocam e renegam que somente conseguimos avançar quando há pluralidade de idéias.
A dificuldade de lidar com divergências são habituais de quem fica cego diante da possibilidade de satisfazer suas necessidades egocêntricas e pouco se preocupam com questões coletivas.
É preciso estar atento as opiniões daqueles que invés de mostrar a sua melhor face, passam o tempo procurando motivos para apontar supostos defeitos que transforme os adversários em símbolos do atraso. Acredito que isso ocorre na verdade pela falta de ter o que mostrar.
O mais triste é ver que pessoas que aparentemente parecem possuir certa capacidade de discernimento político, adotam os métodos mais repugnáveis, inclusive disseminando o ódio, a mentira e a intolerância a partir da deturpação de palavras retiradas de um contexto distinto na busca de provocar a desinformação.
Fica mais evidente o desconforto quando falamos em juntar pessoas das mais variadas idéias, mas que sejam sensatas, para pensar caminhos conjuntos onde todos possam ser beneficiados. Na verdade, a prática adotada por eles é fazer o discurso para os que mais precisam e atuar a favor dos que mais possuem.
O momento é oportuno para que possamos resignificar a política e desenhar um novo caminho para o nosso país, compreendendo que será necessário unir forças capazes de recuperar o tempo perdido e apontar para um futuro diferente.
Está em nossas mãos essa oportunidade de decidir, mas tão importante quanto o participar do pleito eleitoral, se faz necessário não prevaricar. É preciso fiscalizar e compreender o funcionamento das instituições para que não sejamos surpreendido com as recorrentes peças publicitárias veiculadas nesse período e que mostram um país que apesar de toda minha experiência, ainda não encontrei.
Somos capazes de ir além e compreender quem tenta cotidianamente tumultuar o debate na tentativa de esconder suas intenções espurias. Vamos aproveitar a oportunidade para mostrar que é possível fazer a diferença, é possível fazer diferente.

*Fabrício Lopes é Gestor Público

terça-feira, 26 de agosto de 2014

UM EXEMPLO A SER SEGUIDO

Um exemplo a ser seguido.

Sinto que há determinadas ocasiões onde o melhor é deixar as palavras correrem soltas pelo papel (ou teclado) sem que sejam tolhidas de suas características iniciais. Mesmo que possam parecer desconexas, é a melhor forma de manter sua essência, permitindo aos traços (ou aos cliques) que possam expressar seus sentimentos da forma mais pura e natural.

Hoje creio que deve ser assim. Confesso que ainda sinto dificuldade de tecer algumas palavras frente aos acontecimentos que nos abateram, pois o momento nos exige ainda mais coragem.

Sei que é preciso superar as dores e levar adiante o sentimento que nos trouxe até aqui. Nosso timoneiro se foi de forma trágica, mas seus ensinamentos permanecem vivos entre nós. Sua força de vontade e capacidade de unir os bons é o que deve nos inspirar para seguir em frente sem temer as injustiças que possam cometer contra nós.

Sabemos que a morte é algo inevitável, e em casos como este o que mais nos deixa consternados é não ter sequer a possibilidade de tentar retardá-la. Chegou cedo demais para alguém que conseguiu, com o passar do tempo, nos confortar da perda de uma das maiores lideranças políticas que esse país já teve.

Os últimos dias são de muitas reflexões sobre os caminhos que iremos seguir daqui por diante. Talvez muitos não compreendam o que de fato está por trás de tudo isso e só vejam a política como algo maléfico, porém mesmo em seu ato derradeiro nosso líder provou que quando se faz o bem pelo povo, o povo de verdade sabe retribuir.

As milhares de pessoas que tomaram as ruas do Recife para dar o ultimo adeus ao nosso comandante, são a expressão da perda que sofre o nosso país. Pessoas que sequer se conheciam, se abraçavam na tentativa de buscar algum conforto para a dor que ainda hoje insiste em arder no peito e, no fundo, o desejo maior é que tudo não passasse de um pesadelo e que pudéssemos acordar dentro de alguns instantes. Porém, o pesadelo era real e poucos conseguiram fechar os olhos nas madrugadas que antecederam aquele domingo.

Nossa caminhada segue agora com ainda mais responsabilidade, na ausência do nosso comandante. Cabe a cada um de nós assumirmos um pedaço nessa tarefa de transformar o Brasil em um país mais justo e igualitário.

Desta forma seguiremos, de cabeça erguida, convictos que fizemos parte da história e que nossa missão como seres políticos ainda está incompleta, certos de que ainda temos muito o que fazer, ir além das velhas receitas eleitoreiras e transformar a prática política em um instrumento cotidiano de inquietação na busca das soluções coletivas.

Talvez essa imagem consiga traduzir um pouquinho do líder que aprendi a respeitar e admirar. Quero guardar e seguir o exemplo de alguém que soube agregar independente das ideologias e pensou no bem coletivo, um gestor de sonhos e desejos em uma terra de tão poucos recursos.

Por fim, aproveito um trecho do verso do poeta Antônio Marinho para deixar nosso recado, quando diz: "Eduardo, todos nós seguiremos tua voz, sem temer nenhum algoz, sem desistir do Brasil"

Obrigado, Eduardo!

terça-feira, 8 de julho de 2014

ARTIGO - HOJE É DIA DE BARBOSA

Hoje é dia de Barbosa!
Por Fabrício Lopes*


Há um velha mania em muitos brasileiros de sempre tentar extravasar suas frustrações e preconceitos através do esporte, especialmente o futebol. Sempre há quem fique procurando ou criando defeitos nos adversários ao invés de conviver com suas próprias qualidades, além de que, parece ser impossível guardar para si as opiniões preconceituosas que só visam diminuir as conquistas dos demais.
Esse é o grave defeito de quem é frustrado: não sabe conviver com as derrotas.
Sou amante do esporte por excelência, respeito os adversários, mas tenho lado. Sou Jabaquarense com muito orgulho! E por mais que o clube não possua os “cobiçados” títulos, não é isso que me motiva e me faz feliz. 
Fico extasiado apenas pelo fato de, ano após ano, mesmo diante de tantas dificuldades, ver o Leão da Caneleira desfilar sua simpatia nos gramados, independente do resultado. Pois o importante é saber que há o esforço de muita gente para que isso se concretize ao longo desses 100 anos. Isso sim é cabeça de vencedor.
Porém neste momento quero lembrar um fato que é resgatado cotidianamente nos últimos 64 anos, em todos os momentos que o assunto envolve a Copa do Mundo: a final contra o Uruguai em 1950.
O dia 16 de julho de 1950 serve para mostrar que essa história de memória curta que tanto se fala no Brasil é apenas um subterfúgio para não se assumir as verdadeiras posições. Digo isto pois ao longo de todos esses anos, até a presente data, convivi com a memória mais longa e o maior injustiçamento da historia do futebol brasileiro contra um cidadão chamado Moacir Barbosa do Nascimento.
Barbosa foi o arqueiro que recebeu um “tiro” a queima roupa de Gighia em um Maracanã lotado, onde outros 10 em campo não foram capazes de superar os adversários. Porém a culpa, como sempre, recaiu sobre aquele que tinha naquele momento a tarefa ingrata de pegar um chute “a queima roupa” com pouco mais de 5 metros de distância.
Em tempos de futebol empresarial, salários milionários, imagens de alta definição, enxurrada de ídolos, piadinhas em tempo real, entre outros paparicos, fica a prova de que no esporte o que vale é a competência e perder é parte do jogo.
Quantas vezes ouvi o Seo Jurandir descrever a árdua tarefa de ficar escondido no meio do mato, entre a casa de minha avó e a casa de um de seus vizinhos, para ouvir aquele jogo de 1950, em um dos poucos rádios existentes à época em Cubatão.
Papai é um homem de um coração sem igual, que me ensinou o que é ser um bom torcedor. Foi o único que todas as vezes que pôde, defendeu Barbosa, mesmo depois de sua morte em 7 de abril de 2000, pela atuação naquele jogo e contra as injustiças que sofreu.
Que a partir de hoje, passemos a olhar um pouco mais para outras questões coletivas que necessitam de nossa longa memória. Que o esporte cumpra sua função e os cidadãos também. Não perdemos e nem ganhamos nada. Mas que fique a lição de que é preciso compreender e respeitar os adversários. E mesmo diante de todas essas palavras “marketinzadas” dos narradores televisivos, e o que vale é quem joga melhor, esse sim é o verdadeiro futebol. 

Neste 8 de julho de 2014, continuo #FechadoComBarbosa

*Fabrício Lopes é Gestor Público

quarta-feira, 18 de junho de 2014

ARTIGO - PELO DIREITO DE SONHAR

Pelo direito de sonhar
Por Fabrício Lopes*

A vida às vezes nos impõe um caminho ao qual, se houvesse opção, preferiríamos não seguir. Isso pode tanto acontecer pelos erros que cometemos, mas também pode surgir a partir dos acertos. Muitas vezes, por mais alto que possa falar a voz do nosso coração, somos obrigados a compreender que existem desafios pessoais e profissionais que devem ser enfrentados e deles devemos tirar as melhores experiências, para quem sabe, um dia, se colocar novamente no caminho dos sonhos e das realizações.

É impossível prever os caminhos que iremos seguir, mas o fato é que sempre levamos conosco os nossos sonhos e desejos. Não sabemos ao certo se um dia teremos a oportunidade de realizá-los, é uma incógnita. Porém é necessário compreendermos que depende em muito de nós possuirmos objetivos bem definidos, perseverar relações e levar adiante os ideais que nos motivam a permanecer na luta.

Ainda muito cedo aprendi que seria preciso mais do que boa vontade para realizar alguns dos meus sonhos. Nascido em uma cidade rica, porém com condições quase nulas para seu povo. Sou filho único de uma família pequena, mas extremamente batalhadora e desprovida de grandes recursos financeiros. Diante disso, fui me acostumando a ter que buscar cotidianamente, longe das minhas raízes, as condições para minha subsistência.

Entre idas e vindas, percebi que não era o único a vivenciar essa realidade. Muitos da minha geração se viram obrigados a trilhar os mais distantes caminhos em busca de dias melhores, já que a cidade sempre esteve órfã de gestores comprometidos com as reais necessidades da nossa população, especialmente os mais jovens.

Não são poucos os filhos da nossa cidade que se ausentaram na busca por melhores condições de vida. Esportistas, artistas, estudantes, radialistas, músicos, homens e mulheres de um município que em um determinado momento da história acolheu gente de todos os cantos do país, pois era sinônimo de prosperidade e oportunidade à muitos cidadãos brasileiros, e que há décadas agoniza diante do descaso das grandes indústrias e dos péssimos governantes.

Seja pela falta de postos de trabalho, ausência de espaços adequados para criações e inovações, pela necessidade de ampliação dos estudos ou pelo alto custo da moradia, muitos, como eu, tiveram que buscar a vida fora. Em alguns momentos foi por pura necessidade e falta de oportunidades na nossa cidade. Já em outros, tive a grata satisfação de ser convocado para importantes tarefas, as quais como cidadão me senti honrado em assumir. São fatos como estes que testam a nossa responsabilidade e ampliam nossa experiência, além de saber que de alguma forma estamos ajudando os irmãos de outras localidades desse imenso Brasil.

Ao contrário do senso comum, algo sempre me deixou desconfortável, pois por mais importante o espaço que por ventura eu viesse a ocupar, o meu coração sempre se sentiu apertado. Afinal, aprendi no berço que ninguém é capaz de se satisfazer sozinho. Como filho único que sou, nestas caminhadas pelo mundo fui adotado por muitas famílias. Assim também adotei diversos irmãos e irmãs, que sempre me estenderam as mãos, cada um à sua maneira, para que numa relação harmônica e de equilíbrio pudéssemos enfrentar junto os desafios que a vida sempre nos colocou.

O tempo passou, a distância aumentou, muitas vidas se transformaram, mas o sentimento e os sonhos continuam intactos. Às vezes nos acostumamos a procurar as pessoas somente nos momentos em que necessitamos de ajuda. Particularmente acredito que devemos sempre que possível devolver o carinho para aqueles que admiramos e buscar retribuir de alguma forma aos que não tiveram a mesma oportunidade que tive. É para estas pessoas que escrevo agora.

É impossível descrever nominalmente cada um ou cada gesto, mas cada pessoa a sua maneira, inclusive os que não tenho relação tão próxima, se fazem importante nesta caminhada. Não existe dia certo para fazer isso, é sempre tempo de agradecer e deixar registrado, que essa distancia temporária tem somente o propósito de me levar de volta pra casa com mais experiência e aprendizados, que mesmo de longe procuro a todo tempo compartilhar com todos e todas, para que essa troca de conhecimento e informações fortaleça esse sentimento coletivo e nos dê força para continuar na busca da cidade que sonhamos.

Como diz um trecho de famoso samba enredo interpretado por Aroldo Melodia: "Como será o amanhã? Responda quem puder". Talvez ninguém tenha a resposta certa, mas com certeza todos possuem um sonho de um amanha melhor e mais digno.

Não tenho vergonha alguma em dizer que dentre tantos sonhos e desejos, o maior é a vontade de retribuir ao povo já tão explorado e sofrido de minha cidade com um pouco da minha, ainda jovem, mas ampla experiência de vida. Sei que isso não é um desejo individual, e talvez, quem sabe, esteja mais próximo de ser realizado do que imaginamos.

Neste momento triste, diante de tantas turbulências que mancham a história do nosso município, é tempo tirarmos nossos sonhos da gaveta, unir forças para reerguer nossa cidade e permitir que as futuras gerações tenham o direito de sonhar.


*Fabrício Lopes da Silva é Gestor Público

terça-feira, 10 de junho de 2014

ARTIGO - A FORÇA QUE PODE MUDAR O BRASIL

A força que pode mudar o Brasil
Por Fabrício Lopes* e Dalmo Viana**


Por muito tempo o Movimento Estudantil foi o único canal de diálogo e pressão da juventude brasileira para conquistar avanços nos direitos enquanto cidadãos e na defesa do país. A partir da Constituição de 1988 e o advento da inclusão dos conceitos da democracia participativa, além de maior perspectiva no compartilhamento das ações, decisões e transparência do estado, proporcionaram um ambiente onde diversos atores do movimento juvenil pudessem se apropriar de diversas ferramentas e espaços para protagonizar novas lutas. 
Com a abertura de novos espaços de discussão e a proposição de novas agendas, diversos movimentos passaram a se organizar e fortalecer. Isso possibilitou a abertura de diversas outras frentes de atuação que hoje inclusive apropriam-se dos meios tecnológicos para difundir suas idéias e conquistar adeptos.
Cada vez é mais visível a participação da juventude nos espaços de criação, desenvolvimento e operação das políticas, porém esse numero ainda é pequeno se entendermos qual o verdadeiro potencial dos nossos jovens e o tamanho de sua participação na sociedade.
Ainda possuímos diversas lutas a realizar, é preciso pensar o tema para além do conformismo de que “um dia já foi pior”. Não podemos deixar ressoar os pensamentos dos porta-vozes do conservadorismo que visualizam os jovens apenas como elementos estáticos e tutelados. 
Nos últimos anos, através especialmente das pressões realizadas pelos movimentos juvenis organizados, conquistamos diversos avanços institucionais, entre as quais destacamos a aprovação da Emenda Constitucional nº 65 (PEC da Juventude) que insere e reconhece a juventude como sujeito de direitos na Constituição, a realização de duas Conferências Nacional de Juventude, que apontaram demandas, anseios e desafios através da voz da própria juventude e o Estatuto da Juventude, diploma legal de direitos para os jovens entre 15 e 29 anos, o qual ainda carece de um Sistema Nacional de Juventude com regras claras de financiamento de politicas publicas que estejam em sintonia com as necessidades dos jovens.
Além disso, necessitamos fazer um debate sério em torno do Plano Nacional de Juventude, que possui um texto arcaico em tramitação na Câmara dos Deputados e nem de longe representa as necessidades atuais da nossa juventude.
Esses esforços se fazem necessários para que não coloquemos em risco o que já foi conquistado. Devemos lutar pela construção  instrumentos políticos fortalecidos, para não corrermos o risco de ver direitos deturpados ou engavetados por gestores públicos sem compromisso com a temática. 
A juventude brasileira já esperou demais. Neste momento da nossa história se faz necessária uma grande avaliação e a redefinição de rumos, inclusive no que tange ao papel dos nossos militantes políticos nestas lutas. ‘E preciso criar sintonia real com os movimentos populares, com as administrações de municípios e estados, mas sobretudo dialogar com a grande massa de jovens que não possuem condições e acessos aos espaços formais de organização. 
Ninguém é capaz de resolver tudo sozinho, por conta disso é necessário que esse debate venha a partir da unidade de forças, sempre considerando o potencial estratégico de todos os agentes que constroem cotidianamente a luta em torno do tema. Os processos precisam ser amplos e democráticos, devem estar atrelados às necessidades levantadas pelas vozes das ruas e não aos pensamentos mofados daqueles que só enxergam um pequeno mundo a sua volta. 
A juventude brasileira anseia por agentes políticos que ajudem verdadeiramente na organização e na defesa dos nossos direitos. É preciso romper como atraso em relação a implementação de políticas eficazes a que fomos obrigados a conviver nas últimas décadas. Já basta daqueles que somente se utilizam da juventude como peça publicitária em suas campanhas eleitorais. 
O tempo é de construir uma nova perspectiva junto a essa nova geração de brasileiros, tornando imprescindível a construção de uma agenda propositiva que entenda de fato o jovem como cidadão e dê condições de tratamento e inclusão diante das suas especificidades culturais, sociais, econômicas e territoriais. 
Além da desestruturação do Estado e o conservadorismo político, estamos  contra o tempo, pois os jovens da geração deste bônus demográfico veem escapar muitas possibilidades de constituir uma nova fase de desenvolvimento para o país. Já não bastasse o atraso que estamos relegados, isso pode causar uma prejudicialidade ainda maior no futuro caso não fomentemos ações dinâmicas e coerentes com a realidade que vivenciamos. 
É preciso ousar mais, deixar as ideias fluírem sem medo e investir muito na criatividade do nosso povo. O momento é agora, sem medo do dialogo. Jovens camponeses, indígenas, urbanos, quilombolas. Homens e mulheres, trabalhadores e desempregados, estudantes e analfabetos. Deve ser nosso compromisso estar ao lado dos que mais necessitam nessa hora. Os jovens brasileiros são a força que pode transformar nosso país um lugar melhor para se viver. Que a mudança comece por cada um de nós.


*Fabrício Lopes é Gestor Público e ativista das Políticas de Juventude
**Dalmo Viana é Sociólogo e militante do PSB/SP