Na sala de espera
O espelho reflete
A imagem daquele
Que muito fez esperar
Pensou que era grande
Se tornou distante
E agora precisa voltar
Mas a porta foi fechada
Fechadura trocada
O muro subiu
A chave sumiu
O povo mudou
Não é mais o mesmo lugar
Porta abre, porta fecha
Café gelado
Revista velha
Cheiro de mofo do sofá
Gente apressada que passa
Todos pelo mesmo lugar
Pouco param para cumprimentar
Gente estranha e conhecida
Todas são atendidas
Nem sinal de seu nome chamar
Ele fica impaciente
Não crê que toda essa gente
Possa lhe ignorar
Porém esqueceu que no passado
Sentado no conforto da sala
Deixava todos todos a esperar
Olhou os contatos no telefone
Relembrou vários nomes
Que um dia não atendeu
No entra e sai no ambiente
O tédio parece só aumentar
Vê vários nomes na lista
Não vê sua vez chegar
Quando chega perto do momento
Te diz que está atrasado
Recomenda marcar outro dia
E se for importante
Que anote um recado
Daqui algum tempo
Do fundo de uma gaveta
O bilhete será resgatado
E o que era importante
Será sem sentido
Agora o tempo é inimigo
Corrói a alma do indivíduo
Que vaidoso insiste em mentir
Para quem está do outro lado
Assistindo esse papo furado
Observando quem tem compromisso
Esperando o próximo vir
Fabrício Lopes