Um olhar no futuro
Por Fabrício Lopes* e Thiago Higino**
Ao longo de
muitos anos a juventude foi tratada como elemento secundário da política e
criticada por sua forma de inovar os conceitos e as práticas. Chamados diversas
vezes de inconsequentes, enfrentaram duramente a mentalidade conservadora que
não ousava enxergar o quanto futurista são os desejos e anseios deste segmento
da sociedade.
Ao invés de
reprimir, era necessário investir. Mas os administradores da nação e seus
apoiadores viam na juventude apenas mais uma força de trabalho e que sua
ocupação deveria se dar apenas pela reprodução dos modelos já instituídos. Não
anteviam com o olhar destes jovens que o mundo se aproximava cada vez mais de
uma grandiosa transformação no modo de agir, pensar, comunicar e até de se
relacionar.
O tempo
passou e as oportunidades ficaram, mas o sonho não acabou. Foi necessário a
construção de um projeto político popular, que deu ênfase ao tema e ouviu os
anseios futurísticos da nossa geração para abrir espaço e compreender que muito
tempo já havia sido perdido sem o devido investimento na mola propulsora do
desenvolvimento do país.
Extrovertida,
dinâmica, comprometida, visionária, comunicativa, entre outras, são
características da nossa geração que somente agora conquista os primeiros
espaços junto à sociedade e aos entes governamentais. Ainda é possível
recuperar o tempo perdido, inovar em conjunto com esta geração de mais de 50
milhões de jovens e, por meio de métodos criativos, permitir que a própria
juventude construa a sua história e perspectiva do amanhã.
Há muito
trabalho para ser desenvolvido, muitas idéias que precisam ser melhor
trabalhadas, muitos corações e mentes a ser convencidos, mas precisamos
encurtar as distancias, fazendo das nossas organizações primeiramente
instrumentos de luta pela garantia, afirmação e constituição de direitos.
As lutas que
se constituíram na busca destes direitos, até a promulgação da Emenda
Constitucional que incluiu a juventude na Constituição, deram visibilidade ao
tema e nossa geração teve a oportunidade de começar a ocupar espaços
anteriormente cristalizados e restrito somente a uma minoria.
Mas isso não
é o suficiente, é apenas o inicio da forma do Estado e das pessoas enxergarem o
tema como prioritário e não tratar de forma secundária milhões de brasileiros e
brasileiras que anseiam a oportunidade de ter acesso, de forma digna, a
direitos básicos, como Saúde, Educação, Esporte, Moradia, Transporte, que
possuam as características desta nova geração e não carregue os vícios do
século passado.
É
fundamental o debate intergeracional, mas temos de convir que as gerações que
nos antecederam tiveram outras pautas mais pontuais a serem desenvolvidas, fato
este que não possibilitou a sua dedicação na busca de afirmar estas posições.
Entendemos que é quase impossível falar em conquista de direitos em uma época
onde o direito primordial de se expressar era tratado com as mais duras
penalidades do período ditatorial vivido pelo Brasil.
O momento
agora pede mais empenho e dedicação, sem disputa de vaidades e com o
compromisso de erguer e firmar um país que tem crescido vertiginosamente.
Porém, agora é a vez de criar políticas que assegurem e mantenham estas
conquistas.
Neste
sentido, a aprovação do Estatuto da Juventude e a rediscussão sobre o Plano
Nacional de Juventude se faz pertinente o quanto antes. Somente assim vamos
efetivar o primeiro passo verdadeiramente para constituição de políticas
públicas que assegurem à nossa geração direitos anteriormente ceifados e
permitam às futuras gerações constituir com sua forma de ver o mundo o modelo
de política e país que tanto desejam.
Com as
transformações tecnológicas, em espacial, aquelas voltadas aos meios de
comunicação, ganhamos a oportunidade de utilizar esses meios a nosso favor,
permitindo a essa juventude o acesso a essas tecnologias e utilizando nossas
universidades como centro avançado de pesquisa no desenvolvimento de novos
instrumentos.
Não é
difícil entender que, quando nós investimos na juventude, nós estamos investimos
no futuro da humanidade. Esforços não devem ser poupados. É preciso haver
sintonia entre o custeio público e as prioridades com olhar no futuro. A
retomada já começou e precisamos desde já trabalhar na construção de novos
caminhos. Sinta-se convidado.
*Fabricio
Lopes é militante do Partido Socialista Brasileiro
**Thiago
Higino é Secretário Nacional de Políticas Públicas de Juventude da JSB