Nó na
garganta
Por Fabrício Lopes*

Minha
estrutura rústica e bucólica encravada na Serra do Mar foi duramente despida
sem nenhum pudor em nome do desenvolvimento sem planejamento com a
justificativa de que era bom pra Nação.
O que me
dava forças foi saber que naquele momento estávamos acolhendo diversas culturas
vindas de todas as partes do país, que fugiam de uma realidade mais vida
sofrida do que a minha. Eram irmãos e irmãs de todas as partes, que traziam
consigo todas as artes e na dificuldade dividiam o próprio pão.
Minhas
verdes entranhas de exuberantes e vistosas matas tão bem cuidadas e
aconchegantes, por anos, ficaram expostas para as lentes do mundo, juntamente
com um duro golpe que calou por mais de duas décadas a voz do meu povo e
torturou os desejos e sonhos de toda uma geração.
Não foi
fácil, mas me levantei.
O povo já
podia falar. Mas falar para quem? Falar o que? Como? Onde?
Até que certo dia começamos a falar.
Mas a
necessidade imediata de sanar os problemas de fome e moradia falaram mais alto.
O desespero para ver um filho estudando ou de ter a tão sonhada oportunidade de
emprego, obrigou-nos a trocar um pedaço da nossa cidadania pela necessidade de
sobrevivência.
Relutamos,
debatemos, agonizamos.
Vislumbramos
no desenvolvimento e estabilidade econômica do país a oportunidade de dar uma
virada. De ousar nas nossas escolhas e enfim reconquistar nossa dignidade.
Arriscamos,
acreditamos, sonhamos e erramos.
Faltam
palavras para descrever o tamanho da emoção que sinto ao escrever estas breves
palavras. Dói na alma saber que ainda parece distante um desfecho feliz.
Mas é certo
que perdemos o medo de ousar e hoje temos a consciência daquilo que realmente
vai nos servir no futuro.
Essa é minha
mensagem neste aniversário.
Ass: Cubatão
*Fabrício Lopes é cidadão cubatense
2 comentários:
Parabéns pelo texto líder!
Dias melhores virão!
Abs
Matsumota
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