quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

HISTÓRIA, CORAGEM E DISPOSIÇÃO

História, coragem e disposição

Nesta semana, os jornalistas Rodrigo Hidalgo, Tony Chastinet, Camila Moraes, Alziro Oliveira, Eduardo Reis e Walter Colling da Rede Bandeirantes, receberam o Prêmio Esso na categoria "Melhor Contribuição ao Telejornalismo".
Com a reportagem "Vila Socó - A verdade apagada", realizaram em poucos minutos uma síntese de um período em que a dor e o sofrimento daquelas famílias, que já eram invisíveis aos olhos das autoridades mesmo antes do incêndio. 
Aponta ainda como foi o descaso com centenas de vítimas que desapareceram nos dias subsequentes, principalmente das creches e escolas que possuem ainda hoje o registro daqueles que nunca mais retornaram. 
É importante frisar que Cubatão naquele período possuía uma população flutuante muito grande, a qual era obrigada a recorrer às palafitas dos mais diversos bairros da cidade afim de conseguir ter condições de moradia. 
O fato é que, passados 30 anos do ocorrido, muitas coisas parecem permanecer intactas. As marcas daquele período em que o município era Área de Segurança Nacional e não tinha o direito de eleger seus prefeitos ainda hoje geram reflexos em nosso cotidiano. Prova perceptível disso é a falta de interesse do Poder Público tem em modificar a relação estrutural entre a cidade e seus cidadãos. 
Existem vários pontos em que a cidade se apresenta cristalizada e sem grandes alterações que beneficiem efetivamente a população. Parece resignada a viver as marcas de um tempo sombrio que dilacerou vidas e sonhos, sem ter instrumentos para reagir.
No que tange a esfera pública, são poucos que esboçam disposição em romper com essa lógica. E a grande maioria são abnegados servidores que a partir de suas convicções pessoais decidem alterar os caminhos, pois a depender dos governantes, estamos órfãos de um direcionamento político qualificado que estimule o protagonismo.
Torço muito para que a OAB Cubatão tenha sucesso nessa empreitada, na medida do possível tenho acompanhado as movimentações em busca de respostas para esse caso especificamente. Acredito que essa pode ser a primeira chave para abrir novos horizontes e romper esse estigma de que "nada muda". 
Tenho a certeza de que essa ação, tantos dos jornalistas, quanto dos cidadãos, pode ser o instrumento propulsor para debater outras mazelas deixadas por esse período sombrio. Que façamos da nossa cidade um verdadeiro exemplo de recuperação da autoestima, do desenvolvimento e dos sonhos.

*Fabrício Lopes é Gestor Público


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