sábado, 17 de dezembro de 2016

VOU PRA ROÇA



Vou pra roça
Plantar alface
Fugir desse desastre
Chamado cidade grande
Onde a comida fica cara
A intolerância e a fome se espalham
E cada vez estamos mais distantes

Vou pra roça cuidar da terra
Sentir o ar puro
Ver florescer a primavera
Contemplar a liberdade
Deixar o tempo passar manso
Balançar na rede
Beber água da fonte

Vou pra roça cuidar dos animais
Cozinhar no fogão a lenha
Ver o sol nascer no quintal
O orvalho da noite secar lentamente
Das roupas que ficaram durante a noite no varal

A cidade está mudada
Muita gente apressada
Que não sabe onde vai
Um disputa constante
Onde o respeito está distante
Entre tantas pessoas iguais

Empurra, aperta, reclama
Sempre quer tirar vantagem
Não importa a idade
Nem a classe social
Reclama a todo momento
Parece que perderam o sentimento
Se apoderaram da ganância
Que rejeita dos idosos
Ignora as crianças

Sempre fica procurando
Um culpado para tudo
Nunca faz a sua parte
Diz que o mundo é imundo
Só não percebeu ainda
Quem de fato é vagabundo

Vou pra roça
Escutar a minha bossa
Ficar descalço no quintal
Tocar viola mansinho
Ouvir o cantar livre do passarinho
Contemplar o bailar da natureza
Sonhar com um mundo melhor

Vou pra roça
Fazer colcha de retalho
Na varanda do destino
Busco a vida ideal
De dia tenho muito trabalho
A noite posso fazer Carnaval



Fabrício Lopes


quarta-feira, 19 de outubro de 2016

NO COMPASSO DA HISTÓRIA


No tilintar das taças 
Conspiram contra o povo nas praças 
Máscaras caem
A falsidade se abraça 
A expectativa é de impunidade
Conquistadas com a imunidade
Outorgada pela lei
Que até hoje não sei
Como serve ao pobre
Só vejo sujeito nobre
Fazer o que bem entende
Explorando toda gente
Falando de moral e bons costumes
Criticando aos que se unem
Pra fugir do desatino
Mudar nosso destino 
Criar uma nova realidade
Mesmo que longe de casa
Com o peito apertado de saudade
Não se curva às dificuldades 
Segue firme a caminhada 
Muitos hoje conformados 
Dizem que isso não leva a nada
Só faz a gente tomar porrada
Para o poderoso se lambuzar
Porém o que mata é a apatia 
Pois quem luta todo dia
Sabe onde quer chegar
Olhos vistos não parece 
Mas a nossa luta cresce
Como um filho adolescente
Que logo se parece gente
Mas o chamamos de menino
A esperança não cessa
Para o futuro não tenho pressa
Cada dia pode parecer de dor
Mas no fundo é de glória
Semeamos esperança 
Cultivamos novas histórias 
Pois a história
Ah... a história!
Paciente e certeira
Essa não hesitará


Fabrício Lopes

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

POESIA - LADOS


Leio lutas 
Nos muros da cidade
Ouço lutas 
Nos áudios do WhatsApp
Sinto luta
Na porta dos colégios 
Esperança no aperto de mão 
Dos que não possuem privilégio

Entre bandeiras ensaguentadas
As ideias são usurpadas
Frases são distorcidas 
Histórias são rasgadas
Ilusão de uma disputa
Que não termina agora
Pois o inimigo de outrora 
Ainda permanece forte
Manipulando as partes
Financiando claques 
Entorpecendo as mentes

A notícia deixa evidente 
Quem define lado por preço
É fácil identifica-los
Pois nasceram em confortáveis berços
Nas ruas há muitas vozes
Algumas serenas
Muitas ferozes
Transformam tudo em problema
São sócios do mesmo esquema 
Esquecem do povo explorado
Inventam heróis proletários
Que se cala na hora da pressão

O futuro começa hoje
Nosso mundo está mudado
Há quem ainda não entendeu
Que a história não mais se apaga
Se um livro for queimado
Quase tudo monitorado
Resposta fácil num clique
Inteligencia artificial 
Liberdade que te prende
Se o pensamento não for algo natural

Lados que aparentam divertir
Unidos na mesma vontade 
De manter as facilidades
E se a sociedade não investiga
Respostas não surgem
Continua a briga
Onde se confunde as vozes 
Não há debate
Não há avanços 
E dos sonhos de uma geração 
Ambos continuam a ser algozes

É preciso permanecer ativo
Cabe a reflexão
Faça valer o protagonismo
Não deixe o país ir ao abismo
Atitudes extremistas
Excluem a multidão
Vamos pensar em coisa nova
Liberte-se
Deixe de ser massa de manobra
Pois o mundo, o mundo camarada...
É o conjunto da nossa ação


Fabrício Lopes

segunda-feira, 4 de julho de 2016

POESIA - E AGORA?


Rico, pobre, fraco, forte
É tudo gente
Com início, meio e fim 
Que dinheiro nenhum compra 
Poderoso nenhum impede
Está previsto desde sempre
A história de uma vida
É o que lhe antecede

Pra que tanta ignorância?
De onde vem tanta arrogância?
Só a palavra pela palavra não resolve
Choca, relata, ensina, comove
Mas de nada adianta
Se dividimos nossa força 
Desrespeitando os iguais
O problema permanece
Não se consolida e nem cresce

Há quem interessa essa guerra?
Onde não há vencedores e vencidos
Só um mundo dividido 
Onde um tempo precioso
Corroído pela ganância
Destrói a natureza
Esfacela esperanças

Futuro
Palavra doce 
Que poucos se preocupam de fato
E fácil é apontar dedo
Criar culpados
Relativizar problemas 
É preciso erguer a cabeça
Ter atitude 
Participar, agir e pensar
Para que tudo mude

Agora
E agora?
Cadê aqueles
Que gritavam lá fora

Agora
E agora?
Será que acabaram os problemas
Ou é hora de ir embora

Agora
E agora?
Acabou a revolta? Acabou a miséria?
Ou acabou as esmolas?

Agora
E agora?


Fabrício Lopes