segunda-feira, 11 de junho de 2018

CARTAS


Texto simétrico 
Palavras dosadas 
Em compassos 
Possui importância 
Se faz necessária 
Letra por letra 
Preenche o vazio 
De folhas em branco 
Carregam notícias 
Talvez um segredo 
Desvendam mistérios 
Transportam esperança 
Vai passar em muitas mãos 
Até ser entregue 
De forma aleatória 
Aos desconhecidos 
Humanos esquecidos 
Até para desaparecidos 
Uma mistura de ideias 
Com variável de sentidos 
Se o endereço é correto 
Faz o caminho certo 
Há quem receba perplexo 
Sem saber por qual razão 
Euforia que desperta 
Uma curiosidade 
De saber por qual motivo 
Tenha sido escolhido 
Abre com pressa 
Um papel pardo 
Quase uma aposta 
Um tiro no escuro 
Momento de esperança 
De receber notícias 
Reviver lembranças 
Quando surge a surpresa 
Não entende motivo 
Alívio ou abismo? 
Um estranho lhe escreve 
Informando o ocorrido 
Precisa agir rápido 
Para não correr perigo 
Algumas desprezadas 
Outras devolvidas 
No verso o carimbo 
Cravou qual a sorte 
Alguns se mudaram 
Uns se esconderam 
Teve o desesperado 
O não procurado 
E quem a ampulheta 
Já estava esgotada 
De volta enviada 
Carregam consigo as marcas 
E as feridas do tempo 
Retornam à origem 
As datas impostas 
O papel amassado 
A ausência de resposta 
O dono da escrita 
Será o encarregado 
De dar fim ao itinerário 
Propor outros caminhos 
Largada, imprensada, mofada 
Em um canto empilhada 
Sem qualquer opção 
Registra em um texto imponente 
Um final decadente 
Sinal de novos tempos 
Talvez só velhas táticas 
Na ausência de boas práticas 
Triste desfecho 
Cumpriu seu ritual 
No bailar das cartas 
Com destino incerto 
O futuro é virtual 


*Fabrício Lopes

Nenhum comentário: